A França aprovou recentemente uma lei para proibir o uso de celulares pelos alunos em sala de aula – inclusive nos intervalos. A medida, que divide opiniões, deve entrar em vigor a partir de setembro. Mas será que a proibição é mesmo efetiva para melhorar a concentração dos jovens, como defende a lei?

Acreditamos que a tecnologia tem grande potencial para formar jovens autônomos, conscientes e conectados, que sejam protagonistas de suas realidades. E, claro, a escola não está dissociada desse processo. O telefone é um recurso importante que, ao invés de ser proibido, deve ser explorado como parte do processo de ensino-aprendizagem.

Veja algumas possibilidades:

1- Formação em tecnologia

As competências no uso de tecnologias digitais de informação e comunicação são fundamentais na formação dos alunos e já está prevista na Base Nacional Comum Curricular do Ensino Fundamental. O celular é atualmente o dispositivo mais utilizado pelos brasileiros para acessar a internet. Estimular seu uso em sala de aula pode auxiliar os alunos a desenvolver tais competências.

2- Aprender do seu jeito

Com o telefone, o estudante pode ter uma aprendizagem mais individualizada, com os recursos que exploram a criatividade e atendem melhor a seus interesses e necessidades. Por exemplo, um aluno pode preferir ouvir um podcast sobre o conteúdo da aula, enquanto outro, mais visual, explora um mapa interativo. Os professores podem até promover oficinas em que os próprios alunos criam conteúdos baseados no que aprendem na escola.

3- Acessibilidade

Diversos recursos disponíveis em celulares podem ser importantes aliados da aprendizagem de pessoas com deficiência. Existem canais educativos no YouTube, por exemplo, que apresentam o material traduzido para libras. Alunos cegos podem acessar áudio-livros. Existem diversas possiblidades de inclusão para pessoas com necessidades especiais quando o telefone entra na equação do processo educativo.

4- Novas possibilidades para o professor

O profissional tem a possibilidade de retorno imediato de atividades realizadas, sem precisar corrigir todas as tarefas. Isso otimiza o tempo do professor, que pode dedicar-se mais à correção de questões mais complexas. Além disso é possível “inverter” a lógica tradicional de aula e dever de casa. Os alunos podem, por exemplo, assistir a um vídeo com conteúdo expositivo como ‘dever de casa’ e usar o tempo com o professor para atividades e tirar suas dúvidas, o que dá maior ênfase ao aspecto social da aprendizagem e melhora a comunicação na comunidade escolar.

 


 

Para complementar esse papo: Defendemos o uso planejado do celular em sala de aula, ao invés do uso ilimitado, sempre acompanhado pela escola, responsáveis e professores. É importante também que sejam criadas e atualizadas políticas públicas sobre aprendizagem com a utilização de dispositivos móveis, e que os professores recebam formação continuada e apoio voltados para incorporar celulares à sala de aula. Claro, todos devemos assegurar o uso seguro, ético e responsável de tecnologia pelos estudantes.

Com colaboração de Beatriz Teixeira, coordenadora de Tecnologia e Inovação na Recode.