Guilherme Relvas, diretor do Departamento de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (DLLLB), do Ministério da Cultura, é um dos parceiros que contribuíram para construção do programa Conecta Biblioteca. Realização da ONG Recode e Caravan Studios, a inciativa está com inscrições abertas para outras 108 bibliotecas públicas que queiram ser parceiras da transformação social.
Em recente visita ao Rio na ONG Recode, Guilherme conversou conosco sobre a importância das parcerias entre o governo federal e a sociedade para o fortalecimento de políticas de incentivo ao setor. Jaqueline Gomes, coordenadora geral do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, também participou da entrevista. Confira!
RECODE – Em que sentido você vê uma sintonia entre os objetivos gerais do Departamento de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (DLLLB) e o programa Conecta Biblioteca?
GUILHERME RELVAS – A gente percebe que existe uma sintonia porque é um processo que tem sido feito de forma colaborativa. A maneira como foi construída a primeira etapa do Conecta Biblioteca, com representantes governamentais de todas as regiões do Brasil, naturalmente atende as expectativas de quem está na posição de gestão pública, a partir do que a gente acredita que se deve desenvolver hoje prioritariamente para as bibliotecas.
É um processo muito bem mediado, inclusive, pela equipe técnica da ONG Recode. E esse trabalho colaborativo acaba se tornando um trabalho mais forte. Um trabalho mais assertivo.
E essa reunião [na ONG Recode] é muito para isso, para a gente perceber como se integrar, se fortalecer, apontar possibilidades de aprimorar o processo junto com o Sistema Nacional.
RECODE – Quais são as expectativas para essa nova fase a partir da convocatória para mais 108 bibliotecas recém-lançada?
GUILHERME – Nossas expectativas são grandes. Temos objetivos em comum e trabalhando colaborativamente todos nós ficamos mais fortes. E quando eu falo colaborativamente é o Sistema Nacional envolvendo toda uma rede que tem representação dos 27 entes da federação e é mediada pelo Sistema Nacional. São parceiros da sociedade civil, movimentos do setor, tem muita gente atuando junto nesse processo. Quando falo desse movimento eu estou me referindo por exemplo ao grupo de coalizão que vem trabalhando num paralelo. Numa agenda que faz parte do programa, que é a etapa que prevê a sustentabilidade. Então temos também uma expectativa de conseguir integrar bastante a agenda do Ministério com instituições que atuam pelos mesmos objetivos, e a agenda do Conecta Biblioteca deve ser uma prioridade nossa.
RECODE – Como vocês avaliam que o terceiro setor pode ser um parceiro para implementação das políticas públicas para área?
JAQUELINE GOMES – Eu acredito que as ONGs, o terceiro setor e a sociedade civil na verdade vivenciam as dificuldades no seu dia a dia. Elas lidam com questões relacionadas a carências [da população]. E essas carências, via de regra, tem que ser supridas por meio de políticas públicas, que são elaboradas a partir dessas demandas pelo governo federal.
O Ministério da Cultura e o SNBP, subordinado ao MinC, tem foco em tentar cumprir com essas políticas de livro, leitura, literatura e bibliotecas no departamento como um todo para que essas parcerias possam ser criadas. […] É muito mais fácil para ele [cidadão] chegar na porta de uma ONG, por exemplo, do que chegar na Esplanada dos Ministérios. Então essas parcerias com o terceiro setor contribuem demais com nossas políticas, para que a gente possa complementar o que já foi elaborado e o que talvez não seja tão efetivo assim nesse momento e mapear aquilo que a gente ainda não identificou como uma carência da sociedade.
A gente tem parceria com a ONG Recode, com o Instituto de Políticas Relacionais, com a Mais diferenças… Podemos listar aqui diversos parceiros que são do terceiro setor e que contribuem demais nesse mapeamento, nesse feedback de implementação e melhoramento dessas políticas públicas.
RECODE – Muitas vezes essa parceria não é apenas para escuta, mas também na execução de projetos, certo?
JAQUELINE – Sim, com toda certeza. Até porque a gente sabe que com a quantidade de pessoas ali dentro de um órgão público talvez não seja suficiente para atender tudo aquilo que a gente tem que fazer. Então, o terceiro setor entra justamente para ser o braço do governo federal na implementação e na execução dessas políticas, seja por meio de convênios, de termos de parcerias, de fornecimento de recursos e de transferências que não sejam necessariamente financeiras.
Esses parceiros contribuem demais na execução de projetos. Imagina como seria difícil para a gente em um sistema nacional de bibliotecas fazer o levantamento que a ONG Recode tem feito, por exemplo, fazer o acompanhamento em mais de 90 bibliotecas no Brasil inteiro. É óbvio, é nosso objetivo que a gente consiga fazer isso, mas não temos perna para executar tudo isso, e a parceria com a ONG Recode e outras instituições é essencial para isso.